9 de jan. de 2011

talvez seja bom que você saiba que...

eu: coleciono rancores. desejo coisas ruins. cuspo na maioria dos pratos que já mataram a minha fome. gosto da inveja. da cobiça. de planos mirabolantes para destruir quem precisa ser derrubado. as peças inúteis que obstruem caminhos no tabuleiro onde sobrevivo. eu: acho o amargo melhor do que o doce. a vingança mais sábia do que o perdão. o olho por olho mais justo do que a inocência rídicula da compaixão. eu falo por trás esquentando orelhas. beijo faces indigestas com a doçura de judas. escondo raiva atrás de silêncios. ódio debaixo de sorrisos. as facas afiadas nas mãos para trás. há anos, envio buquês que escondem plantas carnívoras. cartas com artefatos explosivos. flores de mentira que espirram água no meio das caras. gosto da umidade das cavernas. do escuro dos quartos fechados. do silêncio das ruínas. do vazio das gavetas mofadas. eu: preciso do sossego do meu ninho. das outras cobras perigosas. eu: se for cutucado, aviso: não há antídoto pro meu tipo de veneno.

Eduardo Baszczyn

5 comentários:

  1. Amei esse texto, e me vi em muitas partes...

    Beijos!
    Taty!

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  2. Deliciosamente sincero.
    Docemente áspero.

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  3. Ok.

    Mas fica a pergunta, quem nao é assim?
    Alguem daqui nao tem dentro de ti o próprio ódio sem fim?
    Esse ódio que mais cedo ou mais tarde mascara e ao lutar, fere o próprio amor...

    Aí então, o outro dia é do caçador..

    Andam sempre juntos e de mãos dadas, todos temos dentro de nós o ódio mais gratuito e também o amor mais puro..
    A semelhança entre eles? Ambos sao devastadores...

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