11 de dez. de 2010

Cantares de perda e predileção

II
Que dor desses calendários
Sumidiços, fatos, datas
O tempo envolto em visgo
Minha cara buscando
Teu rosto reversivo.

Que dor no branco e negro
Desses negativo
Lisura congelada do papel
Fatos roídos
E teus dedos buscando
A carnação da vida.

Que dor de abraços
Que dor de transparência
E gestos nulos
Derretidos retratos
Fotos fitas

Que rolo sinistroso
Nas gavetas.

Que gosto esse do Tempo
De estancar o jorro de umas vidas.

(Hilda Hilst)

6 comentários:

  1. Lembro-me de uma analise que fiz para o professor de Estilistica de um poema da Hilda Hilst. Amei o poema analisado e o que tu escolheste.

    :)

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  2. Linda foto, lindo post...
    passo dois dias sem vir aqui... e encontro toda essa lindeza...

    bjos querida

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  3. o que Hilda Hilst escreve é uma agressão poética!! Nos tira do lugar!

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  4. amo Hilda, ela nos atinge de uma forma arrebatadora.

    beijo!

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