13 de jul. de 2010

Morfina.




Quando lutamos contra nós mesmos, somos os únicos a colecionar feridas. Até que ponto vale a pena ater-se ao caminho da menor-dor, do baixo risco e do conforto calculado? Você grita para si mesmo com tanta força essa mentira, que acaba por não ouvir o peito clamando por um segundo de atenção. Mas eu consigo ouví-lo, quando ele encosta no meu, e sigo aguardando o dia em que a tua garganta, de tão rouca, deixe chegar aos teus ouvidos o que para mim fica claro toda vez que teus olhos fecham antes dos meus: é recíproco.

Eu poderia dizer que fui acometido por uma abstinência de sensações às quais já estava acostumado. É o que você sempre diz, mas eu ainda não me acostumei a você. Por isso que eu sempre volto, mesmo quando a minha autoestima implora para que eu espere por um sinal teu. Teus sinais foram dados; nós é que falamos línguas diferentes, quando o assunto é sentir e expressar.

Eu poderia dizer o que já repeti em refrões antigos: que sou “alguém pra ocupar o lugar / de quem não vai voltar”. São palavras que me saltam da língua e páram nos dentes, sempre que sinto medo de que você confirme a minha hipótese. Então eu sigo o teu conselho de me ater apenas às tuas ações. E assim eu sigo, tirando da tua boca frases impensáveis, do teu peito, o calor que eu preciso e, da tua vida, tudo que vai de encontro aos teus planos de não me deixar entrar. Aluguei um espaço no teu pensamento e me sinto confortável aqui, embora nada me garanta que eu não possa ser despejado. Se for pra ser, que assim seja: o frio da rua é mais confortável do que um lar onde já não se quer mais morar. E faz tempo que eu me mudei, jogando fora as chaves da antiga morada.

A vida ensina, a gente aprende. No entanto, isso não quer dizer que não devamos, às vezes, desobedecer as leis que nós mesmos criamos. Cansei de lutar contra mim mesmo, pois já me cobrem o corpo feridas em diferentes fases de cicatrização. Aqui estou, pronto para me aplicar com mais algumas doses cavalares de você, se assim me permitir. E eu já não mais vivo sem essa morfina que eu batizei com o teu nome, há alguns meses atrás.

Lucas Silveira

16 comentários:

  1. Lucas e seus textos maravilhosos.
    Reciprocidade, reciprocidade é tudo. E essas feridas vão se tornar cicatrizes de alguém que teimou e aprendeu... Enfim, coisas de quem tem pra onde voltar, pra quem voltar.
    Beijos Lili ♥

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  2. Como uma droga que precisamos para viver, precisamos sempre do amor do outro...
    Lindo e sufocante desabafo da dependência do amor!
    Bjs

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  3. A vida sempre nos ensina, não há o que podemos fazer a não ser criar e re-inventar com o que temos.


    Beijão, querida!

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  4. Amore, fiz uma postagem pra vc no blog!
    bjos

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  5. Amo vir aqui e pausar minha vida ao ler o que encontro por aqui..Beijinhos

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  6. A dependência nunca é boa...

    Bjito directamente da Lua

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  7. Uma banda que gosto muito de chama Morphine...

    beijos@

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  8. Texto lindo :)

    Parabéns.

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  9. sei que no ínico vs vai pular linhas da sua história, errando palavras e esquecendo os títulos, sei que ainda vai tropessar mto mas no final tudo acaba dando certo !

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  10. fazia tempos que não passava por aqui, minhas férias estão corridas. amei o texto.

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  11. Que texto lindo, é impossivel nao encantar-se cada vez mais com teu blog!
    Uma semana abencoada pra ti, com as cores do amor, dos sorrisos inesperados, da paz de espirito.
    E aproveitando: Feliz dia do amigo! :)
    P.S: Passei a te seguir no twitter

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  12. meu Deus, morri com essas suas bonecas!
    lindas demais, claro, como tudo aqui né ♥
    feliz dia do amigo!

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  13. aii Lucas...

    escreve mto bem..

    traduz o q a gnt sente ;)

    bjinhus, adorei o post

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