22 de out. de 2013

Com licença poética






Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos (dor não é amargura). Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado

3 comentários:

  1. Lindo. " O que sinto escrevo." Meio Clarice Lispector. rsrs.
    Apareça lá em www.revistademuher.blogspot.com

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  2. Oie tenho esse blog de poesia www.clickpatty.blogspot.com

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  3. E sendo poeta então... Cumpre a sina com sensibilidade e elegância.
    LIndo post, Lilian!

    =)

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