8 de ago. de 2010

As mulheres que carregam ramalhetes mortos

minhas palavras,entenda,não são carícias.beijos de leve de um lado do rosto.o enrolar de cabelos nas pontas dos dedos.abraços sobre um banco em tardes de outono.minhas palavras,peço que entenda,são bofetadas,socos,cuspes.levam veneno no lugar de sangue.canivetes nos bolsos em vez de lenços.engolem comprimidos de madrugada.vomitam sobre o chão do banheiro.preferem o grito no lugar do sussurro. a blasfêmia e o insulto em vez da oração.minhas palavras são loucas de camisola.velhas despenteadas.meninas de tranças desfeitas.bonecas sem cabeça.mulheres carregando ramalhetes mortos.sobrevivem no escuro como insetos.se reproduzem no mofo como fungos.se disfarçam de flores delicadas,mas devoram seus dedos como plantas carnívoras.são daninhas.amanhecem como céu azul mas terminam o dia como tempestades.minhas palavras,pela última vez,entenda,tem pontas afiadas.o desejo do corte.não escrevo pra fazer afagos.
Eduardo Baszczyn

5 comentários:

  1. Intenso. O poder das palavras. Adorei.

    Beijo, Lili.

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  2. Lindo querida!

    Bjos
    Otima semana!
    Saudades suas!

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  3. .

    Lindo texto!

    ... e quanto poder tem as palavras, hein?

    Palavras doces são acalantos para a alma, mas palavras duras são venenos para o coração.

    Uma linda semana pra ti.

    Deixo beijos e sorrisos

    .
    .

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  4. pra fazer afagos não é preciso escrever...lindo!

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  5. Cada palavra, um significado.
    Intenso e lindo como tudo que tem no teu blog.
    Beijo grande!

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